Como era esperadocomo hackear o jogo do tigrinho, o presidente Javier Milei seguiu os passos de seu aliado Donald Trump e vai retirar a Argentina da OMS (Organização Mundial da Saúde). A ação foi confirmada por seu porta-voz, Manuel Adorni, na manhã desta quarta-feira (5).
A Casa Rosada enviou instruções à chancelaria, hoje comandada por Gerardo Werthein, para formalizar os trâmites. A ação foi justificada por "profundas diferenças sobre a gestão sanitária na pandemia, que levou ao confinamento mais amplo da história da humanidade".
"Não permitiremos que um organismo internacional intervenha em nossa soberania", disse Adorni, emulando termos típicos do chefe.
Não está claro o caminho que o governo tomará para deixar o organismo —se poderá fazê-lo por meio de um decreto, de forma mais célere, ou se terá de passar pelo Congresso, o que complicaria a agenda do presidente. Nenhum detalhe sobre isso foi compartilhado.
Desde o início da administração republicana nos Estados Unidos, em 20 de janeiro, Buenos Aires já planejava essa ação. Como a reportagem mostrou, estudam-se também a eventual saída do Acordo de Paris e a retirada do entendimento de feminicídio do Código Penal argentino.
Cuide-seDurante a pandemia de Covid, quando ainda era uma figura emergente no cenário político, Milei chegou a colocar em dúvida a eficácia do imunizante desenvolvido contra o coronavírus, mas tomou a vacina. Também criticou as ações restritivas adotadas pelo então governo do peronista Alberto Fernández.
O porta-voz do presidente afirmou que o país não tem financiamento da OMS para suas ações de saúde pública e que, portanto, a área não deverá ser afetada, ainda que haja dúvidas dos profissionais da área. Especialistas temem que o país tenha menos acesso a insumos e instrução técnica e a redes de monitoramento de doenças.
No caso dos EUA, por serem os maiores financiadores da organização, as consequências de sua saída são ampliadas, podendo afetar as capacidades de resposta da OMS.
Em comunicado mais detalhado divulgado depois, o governo de Milei disse que as quarentenas "provocaram uma das maiores catástrofes econômicas da história mundial" e que deveriam ser consideradas um crime contra a humanidade. A estratégia de confinamento foi adotada em muitos países para diminuir a transmissão do vírus, notadamente quando ainda não existiam vacinas disponíveis.
"É urgente que a comunidade internacional repense para quê existem organismos supranacionais, financiados por todos, que não cumprem os objetivos para os quais foram criados", segue. Milei, como Trump, é um grande crítico dos organismos multilaterais, que no mais têm tido sua atuação colocada em xeque, como ocorre na própria ONU.
Milei chegou a escrever um livro sobre o tema —"Pandemonics" (ed. Galerna, 2020). Com uma capa que traz imagens dele próprio, de Trump, do líder chinês Xi Jinping e do bilionário da Microsoft Bill Gates, o livro, diz seu resumo oficial, "não nega a existência do coronavírus, mas mostra que o mundo perdeu a perspectiva".
Ainda na capa, há uma cópia da bandeira de Gadsden, ilustração com uma cobra cascavel considerada hoje um símbolo cada vez mais ligado do ultraconservadorismo. A cobra aparece enroscada, como se estivesse pronta para atacar, o que é confirmado pelo lema "don’t tread on me" (não pise em mim), na parte inferior da bandeira.
"Impuseram-se quarentenas 'cavernícolas' que anunciaram uma crise econômica sem precedentes a nível mundial e que também, em muitos dos casos, destruíram a legalidade e a democracia", segue o resumo. Milei foi acusado de plagiar trechos dessa obra.
Em certa medida, o anúncio de Milei dialoga com a guerra cultural que sua administração tem conduzido com o argumento de prezar pela soberania e combater tudo relacionado ao que chama de agenda woke (termo pejorativo comumente associado por conservadores a pautas de diversidade).
Sair do Acordo de Paris pode ter um custo maior, dado que a agenda ambiental é cara para parceiros dos quais a Argentina precisa ou, então, quer se aproximar, como a União Europeia, que avança no acordo de livre-comércio com o Mercosul, e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). É por isso que os ministros de Milei, como Luis "Toto" Caputo (Economia) e Gerardo Werthein (Relações Exteriores) avaliam o tema com maior cautela.
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